quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Fita Branca

A FITA BRANCA

Gênero: Crime, Drama e Mistério
Duração: 144 min.
Origem: Austria, França, Alemanha e Itália
Estréia 12 de Fevereiro de 2010
Direção: Michael Haneke
Roteiro: Michael Haneke
Distribuidora: Imovision
Censura:
Ano: 2009


O filme se passa em um vilarejo na Alemanha às vésperas da Primeira Guerra Mundial, que se transforma no cenário de uma série de crimes misteriosos, entre eles, tentativas de assassinato, mortes e espancamentos.
Além disso, questões como o Nazismo, a Guerra e a estrutura familiar no período também são impostas. A rígida educação é pontuada pelo regime patriarcal altamente autoritário e marcada pela punição e disciplina, que poderíamos relacionar aqui ao texto “Os Corpos Dóceis” de Foucault. A disciplina da época, totalmente diferente dos dias atuais, estava associada ao sofrimento, pois só dessa maneira as crianças aprenderiam, como por exemplo, o pai que amarra as mãos do filho para que este não se masturbasse, ato considerado um pecado mortal, e o pastor que batia nos filhos por estes terem chegado tarde e atrasado o jantar. O que para nós hoje é algo simples e normal, antigamente era considerado um desrespeito para com a família.
Outros assuntos tratados no filme são a violência sexual, pedofilia e o desrespeito para com a mulher.
Não é de se surpreender quando o professor da cidade começa a pensar que todos os crimes foram cometidos pelas crianças, uma vez que são vítimas de uma educação fortemente repressora, em que não tinham liberdade para nada.
Essa questão do autoritarismo da sociedade alemã gerou grandes sentimentos de indiferença, desprezo e crueldade no início do século XX. No início do filme, o professor que é também o narrador afirma que todos aqueles acontecimentos seriam de grande importância para compreender o que aconteceria na Alemanha algumas décadas mais tarde. Sinais disso, no filme, são as fitas brancas utilizadas no braço pelos filhos do pastor para que sempre se lembrassem de suas condições de pecadores, as quais só seriam retiradas quando o pai voltasse a confiar nos filhos novamente; e o desprezo pelo qual o filho da parteira, portador de síndrome de down é tratado pelas demais crianças. Na Alemanha, muitos deficientes foram mortos sob a justificativa de que era preciso exterminar todos os considerados “incapazes socialmente”.
O que torna o filme interessante é o fato de como aborda a disciplina, sempre muito rígida tanto em casa, como na escola. Os pais eram verdadeiros domadores de seus filhos, tornando-os assim cada vez mais frágeis e dóceis (Foucault). As crianças não tinham liberdade de expressão, uma vez que o poder pertencia somente aos adultos. Esse tipo de disciplina, rígida e opressora ocorreu durante muito tempo nos colégios e exércitos, tanto que tivemos aqui no Brasil, a ditadura, em que a população viveu momentos de puro terror.
Porém a disciplina continua existindo de forma mais amenizada. Nós, seres humanos vivemos em função do relógio, cumprimos regras e leis pra podermos viver bem em sociedade, isso torna claro que a disciplina sempre existiu e continua presente, o que mudou foi a maneira de conduzi-la.
O filme todo gravado em preto e branco, que chama a atenção pela fotografia e movimentos de câmera, conquistou o prêmio Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2009.

Nenhum comentário:

Postar um comentário